sábado, 22 de janeiro de 2011

Uma “bomba-relógio”, um fato folclórico e político


A população constitui a autoridade democrática pela força do voto e o faz escorada na proposta administrativa e de conduta apresentada na campanha eleitoral. Na eleição municipal de 2008, um milagreiro se apresentou ao pequeno eleitorado no oeste goiano, à comunidade banhada pelo rio Itapirapuã, e propôs soluções efetivas a uma coletânea de problemas levantados e criticados severamente por ele mesmo. Algumas das questões, muitas vezes passadas despercebidas da população. Outras, graves e de solução necessitada. Promessa de campanha tem de ser paga? Então quem cobra?
Foi uma tal de “bomba-relógio” anunciada em todos os comícios e concentrações políticas, que a qualquer momento podia explodir, como sendo o fim para a cidade. Alguém poderia morrer, a cidade poderia ser destruída. Muito irresponsável a construção, ou armação, dessa bomba-relógio na região central daquela cidade. Não tinha oportunidade em que o tal perigo e sua gravidade eram alertados e a intenção de amenizá-lo ser mencionada. Em visitas ao eleitor, em reuniões, no debate da rádio, em todos os lugares a questão foi abordada. Virou plataforma política e administrativa, uma meta a ser alcançada, a sua desativação para livrar definitivamente a população daquele mal. De tão falada, a bomba-relógio passou a ser perigosa, na consciência popular, e, temida por todos.  Ganhou crença o assunto. Alguns falavam e defendiam a sua transferência urgentemente. Todos passaram a concordar com o fato de ser perigosa aquela bomba no local onde funcionava, passaram a não concordar com a permanência dela ali. O milagreiro se apresentava com o grande descobridor do perigo pelo qual todos se rodeavam e se propunha, como sendo o único a ter a solução para aquela terrível solução. Por isso, por ter a solução, merecia o voto para ser o novo alcaide e governar aquela gente a fim de algo semelhante nunca mais se repetir. A população, temerosa, não sei, acreditou, votou e elegeu.
O grande perigo, papagaiado e anunciado, era literalmente uma bomba, mas não bomba-relógio. Era a bomba de combustível instalada na oficina e garagem da prefeitura, no centro da cidade, em frente à agência bancária. Essa bomba de combustível havia sido instalada pela administração situacionista que apoiava a candidatura opositora ao dito, milagreiro e embusteiro, vencedor das eleições. Curioso dizer que em frente a esse local, em anos anteriores, já funcionara um posto de combustível particular. A uma quadra, mais a leste, no centro da cidade, funciona um posto de gasolina e se soma a outro, na mesma avenida, ainda dentro da zona urbana mais acima, no mesmo sentido leste. Outro posto também funciona no perímetro urbano. E, por irônico que seja, no início da gestão desse milagreiro, foi instalado mais um posto de gasolina, com mais três bombas, ao lado da garagem da prefeitura, no sentido oeste da mesma avenida, cerca de cinqüenta metros da bomba-relógio, que o milagreiro caloteiro não tirou de lá, mesmo anunciando e propagando esse feito, e pedindo votos por isso. Ou essa bomba de combustível não emanava perigo (logicamente), ou ele realmente cometeu o que pode ser chamado de estelionato eleitoral. Ou então, num hilário comentário, ela realmente pode explodir a qualquer momento levando tudo pelos ares, e deve ser essa a sua pretensão, já que a deixa lá, mesmo consciente do grande perigo anunciado na campanha eleitoral para a sua eleição. O povo deu o poder, e pode tirar, ou dar de novo na esperança de ver ainda o perigoso artifício explosivo daquela região. Muita coisa ainda pode acontecer, mas uma certamente já aconteceu, a anotação dessa história nos anais folclóricos político da cidade, junto a tantas outras já existentes. É uma estória pitoresca e divertida, sabida e acontecida de fato, e a ser contada ainda por muitas gerações naquela região do vale do rio Vermelho, a oeste no chão goiano.

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