sábado, 22 de janeiro de 2011

O uso do dinheiro é vício no sistema democrático


O sistema democrático pressupõe o voto como ferramenta de exercício da vontade popular, seja na escolha de governantes ou meios de ser governado, através das leis supostamente criadas no interesse geral. Ocorre que o sistema democrático tem mostrado um vício mortal que é a ocupação do poder para interesse de grupos ou do próprio governante. O sistema democrático brasileiro, desde a sua concepção, já percebia este mal, haja vista a composição de sua estrutura, sedimentada em três esferas de poder: Executivo, Legislativo e Judiciário. Um executa, outro legisla e fiscaliza e o terceiro julga e aplica a justiça. O exercício do poder para interesse próprio é que alimenta as diversas formas de prática da corrupção, e isto ocorre em todos os três poderes, e em seus mais diversos escalões.
O início e incentivo às ações ilegais, principalmente no executivo, ocorrem já na hora do proselitismo político, no momento da captação do voto juntos às camadas populares. Nas campanhas eleitorais, o fator econômico tem pesado quando se procura medir a musculatura de nomes fortes de candidatos a serem vitoriosos nos pleitos disputados. Quem dispõe de recursos vultosos certamente sagram-se vitoriosos. Junto aos pobres, que integram camadas sociais menos favorecidas economicamente, o dinheiro do candidato faz mais diferença ainda. A compra de votos é praticada de forma descarada, com favores, ajudas diversas, doação de bens e até mesmo a compra de votos, hoje camufladas com contratos de prestação de serviços ou outros. Nas camadas mais abastadas, e nas pobres também, está a prática mais grave, que é a lavagem cerebral oferecida nos meios de comunicação por competentes equipes de marqueteiros e profissionais da área, nos horários eleitorais gratuitos no rádio e televisão, inclusive com regras criadas e aplicadas pelo legislativo e judiciário. O sistema é frágil, mas necessário, é até oficial. Todos conhecem seus malefícios e falhas. Tudo isso não ocorre sem vultosa quantia de dinheiro. É aí que está o maior gargalo para se resolver o maior erro do sistema: a corrupção, em princípio visa repor os recursos gastos na campanha milionária, depois vira rotina normal para enriquecimento lícito. E são esses recursos, desviados por tais motivos, que deveriam fazer as melhorias para a população, prometidas na campanha enganosa, mas vitoriosa, desenvolvida através do marketing eleitoral. O eleito deveria ter sido o derrotado na campanha eleitoral, já que não gastou nem enganou tanto, e não teria motivo para roubar? Não sei, mas o sistema certamente que precisa de correção, ou pelo menos, de maior rigor na sua aplicação e fiscalização.
E o mais grave é que com os valores necessários para se vencer as eleições, a disputa fica desigual para o pobre que mesmo tendo bons projetos ou idéias, não consegue vencer e é derrotado pelo poder econômico. O dinheiro não faz a honestidade nem a inteligência, já que, por natureza humana e divina, todos são de verdade, e democraticamente, iguais. Então na ausência do poder econômico se encontra também estes predicados e também a competência. O dinheiro, no atual sistema eleitoral, faz a diferença, palavra que diverge do que propõe os princípios democráticos: igualdade.

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